![]() bigstock-Santiago-De-Compostela-Spain--2 |
---|
O nome ibérico de Santiago provém do latim Sanctus Iacobus. As origens do culto a Santiago na Hispânia romana são desconhecidas. Especula-se que a peregrinação cristã deu continuidade a uma peregrinação pagã anterior que terminava no cabo Finisterra (em latim: Finisterrae, literalmente "fim da terra"), durante muitos séculos considerado o local mais ocidental do mundo, mas não há quaisquer referências históricas que apoiem tal tese.
A principal rota de peregrinação, o Caminho Francês, corresponde a uma antiga rota de comércio romana, que segue até ao cabo Finisterra. Como no passado, muitos peregrinos prosseguem até Finisterra depois de passarem por Santiago e o trecho entre Santiago e o cabo Finisterra também é considerado parte do Caminho.










Segundo a tradição, foi em Iria Flávia, a cidade mais importante da região durante o período romano, situada a cerca de 20 km a sudoeste de Compostela, que o apóstolo Santiago pregou pela primeira vez durante a sua estadia de evangelização da Hispânia. O apóstolo chegou à região em 34 d.C. vindo da Terra Santa. Depois da sua morte por decapitação em Jafa, na Judeia, o corpo e a cabeça do apóstolo foram transportados para a Galiza pelos seus discípulos Teodoro e Atanásio numa barca de pedra, que aportou no local onde é hoje Padrón, então o porto de Iria Flávia, e que foi amarrada à antiga ara de pedra que deu o nome à atual vila. Os discípulos depositaram os restos mortais de Santiago num local do monte Libredón, onde hoje se ergue a catedral. Depois de enterrarem o corpo do apóstolo, os dois discípulos ficaram a pregar em Iria Flávia. Num monte não muito longe do centro de Padrón, do outro lado do rio Sar, encontra-se um outro lugar de culto a Santiago: a pedra em cima da qual, de acordo com a lenda, Santiago celebrou missa.

Apóstolo Santiago no Pórtico da Glória

Santiago retratado como peregrino, com uma vieira ao peito e um bordão na mão. Pintura de Carlo Crivellic.
Em finais do século VIII difunde-se no noroeste da Península Ibérica a lenda de que Santiago Maior tinha sido enterrado nessas terras. Em 812 ou 813, um eremita chamado Pelágio avistou uma estrela pousada no bosque Libredón (local onde se situa atualmente a Igreja de São Félix de Solovio (San Fiz), sobre uma urna de mármore. Isso mesmo comunicou ao bispo Teodomiro de Iria Flávia, que se deslocou ao local e ali identificou o achado como sendo o o sepulcro de Santiago com o corpo decapitado do apóstolo, nos restos de uma antiga capela e de um antigo cemitério romano. Esta suposta descoberta coincide com a chegada ao reino asturiano de moçárabes fugidos das zonas dominadas pelos muçulmanos, que procuravam um local onde pudessem praticar as suas crenças religiosas cristãs.
A figura de Santiago está intimamente ligada à Reconquista, da qual foi de certa forma padroeiro, como ainda é de Espanha. Uma das representações mais comuns em Espanha do apóstolo é a de Santiago Mata-mouros (Matamoros), que representa a sua aparição milagrosa como combatente montado num corcel branco na batalha de Clavijo, supostamente travada em 844, na qual Ramiro I das Astúrias, que tinha sido cercado por um grande exército muçulmano na sequência de se ter recusado a pagar tributo, conseguiu vencer os infiéis com a ajuda milagrosa de Santiago. A batalha de Clavijo, por muitos considerada uma lenda, é frequentemente apontada como uma das batalhas decisivas do início da reconquista cristã da Península Ibérica.

A rendição de Granada por Francisco Pradilla Ortiz
Os estudos histórico-arqueológicos levados a cabo no século XX na catedral de Santiago revelaram que desde as épocas galaico-romana e sueva Compostela ora um lugar importante, onde eram sepultados altos dignitários civis ou religiosos, muito antes de 813. Isto pode corroborar a opinião de diversos estudiosos de que foi Prisciliano, patriarca da igreja galega no século IV, e não Santiago, que foi enterrado no local. Prisciliano foi decapitado em Tréveris, Alemanha, em 385, mas o seu corpo teria sido trazido para o norte da Península. Outros estudiosos propoem que Prisciliano teria sido enterrado perto de Astorga, outros no lugar de Os Martores ("Os Mártires" em galego), em San Mguel de Valga, na província de Pontevedra.
Segundo outra tradição, os restos mortais de Santiago Maior estão na Basílica Saint-Sernin (São Saturnino), em Toulouse, para onde teriam sido levadas por Carlos Magno, vindas da Galiza durante uma campanha contra os Sarracenos.

São Tiago, numa obra de
Rembrandt van Rijn
O rei Afonso II das Astúrias (r. 791–842) teria também sido o primeiro peregrino de Santiago da história quando se deslocou ao local com a sua corte. Afonso II, o Casto, mandou também construir uma igreja no local onde, segundo a lenda, repousam os restos do apóstolo Santiago, onde estabeleceu uma comunidade religiosa permanente.
Com o passar dos anos, essa igreja converteu-se num dos principais centros de peregrinação da cristandade e deu origem ao Caminho de Santiago, uma via pela qual se expandiram na Península Ibérica os novos estilos arquitetónicos que trinfaram na Europa. O Caminho estendeu-se por toda a Europa cristã e o número de peregrinos aumentou consideravelmente graças aos contactos culturais entre as nações europeias.
O conteúdo desta página foi extraído do site Wikipedia. Para mais informações, acesse este link: